terça-feira, 24 de junho de 2008

O pescador mexicano


Sempre que me queixo da vida porca e miserável que levo (em termos de guito, claro… LOL) alguém me sugere que arranje um emprego.
Eu não preciso de emprego, preciso de trabalho.
(hum… normalmente costuma dizer-se o contrário, não é?!)
Um emprego, a não ser que muito bem pago, não ia aumentar em nada a minha qualidade de vida, antes pelo contrário…
 
Faz-me sempre pensar naquela história do pescador mexicano:
Numa aldeia de pescadores da costa do México, um pequeno barco volta do mar. Um turista americano aproxima-se e curioso, pergunta:
“Quanto tempo levou para pescar esses peixes?”.
“Não muito”, responde o mexicano.
“Então por que não ficou mais tempo no mar e apanhou mais peixes?”
O mexicano explicou que aquela quantidade bastava para atender às necessidades da família.
“Mas o que faz com o resto do seu tempo?”, indaga o americano.
“Durmo até tarde, pesco um bocado, brinco com meus filhos, passo tempo com a minha mulher, à noite vou até a vila ter com os meus amigos … tenho uma boa vida...”
O americano interrompe: “Pois eu posso ajuda-lo a ter uma vida realmente boa. Faça o seguinte: comece a passar mais tempo na pesca todos os dias. Depois venda todo o peixe extra que conseguir pescar. Com o dinheiro, compre um barco maior. Ás tantas pode comprar um segundo e um terceiro barco, e assim por diante até ter uma frota. Em vez de vender o peixe a um intermediário, negoceie directamente com as fábricas, quem sabe pode até abrir sua própria indústria. Então pode deixar esta vila e ir morar na Cidade do México, Los Angeles ou até mesmo em Nova Iorque!!”
“E depois?” Pergunta o mexicano
“Depois, quando seu negócio começar a crescer, faz milhões!!!”
“Milhões? A sério? E depois?”
“Depois reforma-se e pode morar numa vilazinha da costa mexicana, dormir até tarde, apanhar uns peixinhos, passar tempo com a sua mulher e com os seus filhos, e passar as noites a divertir-se com os amigos…”


A qualidade de vida não passa obrigatoriamente por se ter muito dinheiro. A maior parte das coisas boas da vida são à borla.
Ok, os que me conhecem dirão que não posso falar, visto que aparentemente nasci com o cu virado para a lua… é uma realidade que nunca me faltou nada de essencial. (pronto, lá vou eu receber mapinhas sobre a miséria no mundo e tal e coiso… LOL)
Não julguem no entanto que não me custa este electrocardiograma que tem sido a minha vida financeira…
Viver constantemente a contar tostões é cansativo pra caraças!!!
Tenho a perfeita noção de que a minha vida poderia ser muito mais completa e interessante se tivesse dinheiro para fazer coisas básicas das quais há muitos anos me tenho visto privada…

Aliás, no que diz respeito a este assunto, quero desde já aqui fazer uma correcção… já não sou uma “perfeita anormal”… LOL
(Óvistes Ó Universo?! Caga lá no que disse anteriormente e chuta para cá o Euromilhões!!! LOL)
Um dia, se tiver pachorra, volto a dissertar sobre o tema.


Mas pôr a nossa felicidade nas mãos dos carcanhois é, na minha opinião, um erro crasso. Se por um lado ajudam, sem dúvida, não são no entanto de todo garantia de sucesso. E do alto das dificuldades com que vivo, considero-me mais feliz do que grande parte das pessoas que conheço que não sabem o que fazer ao dinheiro.
Enquanto o pau vai e vem há que continuar a apreciar as pequenas coisas da vida… é certo que de vez em quando é preciso fazer sacrifícios para se conseguir atingir conforto económico.
Eu também os faço… ; )

A questão é não sacrificar “tudo”, tudo o que não é quantificável, a nossa paz de espírito, os nossos momentos de ouro com nós próprios e com os outros…
Há pessoas que em prol de um futuro abastado desistem de tudo isso.
Já dizia o Dalai Lama que o que mais o surpreende na humanidade são os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro que perdem depois para recuperar a saúde…
Ás vezes não é só a saúde que perdem… é a infância dos filhos, o contacto com os amigos, a família… as coisas que gostam de fazer e deixam sempre para amanhã porque hoje não têm tempo…
E se não houvesse amanhã?

9 comentários:

  1. Para que coisas básicas da vida é que não tens dinheiro e porque é que elas não têm prioridade sobre as coisas não-básicas da vida para as quais tens dinheiro?

    ;-)

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  2. Ei!
    Pelo menos vim cá comentar... ao contrário de certas e determinadas pessoas que nunca vêm cá deixar o seu "bitaite"...

    :-)

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  3. Não vêm cá deixar o seu bitate não... simplesmente não vêm cá! LOL
    (Big Brother is watching...)
    Já não vem cá praticamente ninguém...
    Não faz mal Nuninho, eu continuo a escrever só pelo prazer de me dares nas orelhas... ; )

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  4. Há que manter as aparências... Tenho que defender o proletariado na luta de classes contra o grande capital e a burguesia...

    ;-)

    Aparte isso, vou continuando a ler, como sempre. O teu e o do Carlos. Apesar de às vezes precisar do google para decifrar o Carlos...

    (sim sim, até eu)

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  5. Eu venho cá às vezes.
    E leio na vertical (na diagonal demora muito).
    E opto por não participar porque tenho o direito ao silêncio, especialmente sobre temas tão estimulantes como pescadores mexicanos.

    Mas a mim o que me intriga é como é que defensores do proletariado convidam para casamentos burgueses, representantes do grande capital especulador e bolsista...

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  6. Podes crer... e tiazocas que moram mesmo, mesmo ao lado da quinta da Belouraaaaaa...

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  7. Tias da Beloura? É mas é povo do Lourel!

    Ass: Um que cá vem sempre, mesmo quando não deixa rasto

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  8. Foi por termos frequentado a mesma escola, LFCL, e por haver agora um site fixe para nos re-encontrarmos que aqui vim. Quando a CR entrou já eu tinha saído há uns anos. mas isso é que é giro!
    Boas pescas, na medida do necessário e do desejado!

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