segunda-feira, 23 de março de 2009

As pessoas não mudam?!

COM MÚSICA

“As pessoas não mudam…”
Esta afirmação, que se ouve com tanta frequência, irrita-me solenemente, confesso.

Irrita-me porque é pessimista, negativista…
Nela está subentendido que as pessoas não mudam para “melhor” porque, para pior todos parecem acreditar que mudem. Pressupõe que todos iremos morrer com os “defeitos” com que nascemos porque não há nada a fazer, que não é possível alterar certas características. Se hoje somos umas bestas, bestas seremos até ao último suspiro.
É uma visão da vida, do ser humano, que me recuso a ter.

Parece-me também uma afirmação derrotista…
Se “as pessoas” não mudam, o próprio também se deve sentir incapaz de mudar. Se acredita que não há nada a fazer, nem sequer irá tentar… Irá conformar-se com os seus bugs e esperar que os outros se adaptem a eles. É o clássico “eu sou assim, sou assim”… “love me, or leave me”… Não sou eu que tenho de fazer um esforço para me adaptar aos outros, á sociedade, são eles que têm de me aceitar como sou.
A menos, claro está, que se considere perfeito e sem qualquer aresta a limar, em cujo caso é uma afirmação pretensiosa.

É desresponsabilizante
A crença comum de que a mudança não existe inibe a vontade de tentar. Se as pessoas não acreditam na mudança, para quê dar-se ao trabalho? Se é naturalmente aceite que os defeitos se mantenham para todo o sempre, como se do nosso código genético se tratasse, que podemos nós fazer?
Iliba de qualquer responsabilidade os portadores de caracteres menos agradáveis.

Finalmente é cega e injusta…
A realidade é que há de facto quem mude. O facto das pessoas não acreditarem nisso faz com que essa mudança seja inglória. Ninguém muda “para” os outros, as mudanças vêm de dentro para fora, mas o reconhecimento do esforço, do resultado desse esforço pelos outros é, de certa maneira, a recompensa pelo mesmo.
Mas se não acreditarmos em fantasmas não os vamos ver com certeza, mesmo que estejam sentados ao nosso lado no sofá a ver a novela… O mesmo se passa com as mudanças em quem nos rodeia.



O meu tótó gosta muito de afirmar, à laia de apresentação da minha pessoa, que “a Cristina acha que consegue mudar as pessoas…”
Caraças, não sei se não me irrita ainda mais do que a afirmação em discussão…
Ainda não percebi bem se o faz por acreditar realmente nisso ou simplesmente para me picar, por saber que me põe em ponto de rebuçado.

Como disse anteriormente, acredito que as mudanças aconteçam de dentro para fora. Não acho que ninguém possa de facto mudar ninguém… As mudanças estão dependentes de clics e esses clics são na maior parte das vezes inexplicáveis. Um dia “vê-se a luz”… lol

Tenho, é certo, um carácter que me impele a tentar ajudar, é mais forte do que eu… Se sinto potencial de mudança lá vai a boa da Cristina tentar ajudar a arrancar as ervas daninhas. Mas nunca me viram entrar em jardim alheio de mangas arregaçadas e herbicida na mão, sem ter sido convidada.
Faço-o, de uma forma mais directa, com as pessoas que me estão próximas e, de certa forma, é o que tento também fazer com este blog.
Como não me farto de repetir, só cá vem quem quer, quem achar que o que digo faz algum sentido e pode servir como tema de reflexão. Não aspiro a dizer verdades absolutas, nem a carapuça servirá a todos… Alguém sente por isso que o/a estou a tentar mudar?! ;)

Tenho observado várias mudanças à minha volta, mudanças de fundo, mudanças positivas, em pessoas que parecem aprender alguma coisa com a idade, com a experiência, com a reflexão que fazem sobre a vida e a forma de estar na vida.
Estas mudanças não são radicais, não são obrigatoriamente óbvias, não estamos a falar do Mr. Hide e do Dr. Jekyll. As pessoas não se transformam de um momento para o outro. É preciso ter a sensibilidade de ir notando as diferenças de atitude. Ir-se constatando que não se tratam de episódios isolados, que a pessoa mudou de facto.

Não é fácil mudar coisas que estão enraizadas em nós. Por muito que as nossas cabeças nos mandem mudar de atitude a tendência é para repetir os erros do passado. As mudanças dão muitas vezes dois passos para a frente e um passo para trás. Tanto o próprio “mutante” (lol) como os espectadores deverão ser tolerantes quanto a isso. Se à primeira escorregadela for crucificado não tentará dar o próximo passo. A mudança está totalmente dependente da paciência, da perseverança e sobretudo da capacidade de aceitar as eventuais falhas como acidentes de percurso, que não nos impedem de continuar a nossa cruzada.

O reconhecimento dessa mudança por terceiros não é necessário, não é imprescindível e diria mesmo que falha muitas vezes. A tendência é para continuarmos a ser julgados sempre pela mesma bitola. Os que estão mais próximos, que nos conhecem melhor, há mais tempo, muitas vezes passam ao lado das eventuais melhorias, chegando até a ser injustos. Mas o que é realmente importante é que nos sintamos melhor, mais serenos, mais em paz com a vida e com o caminho que escolhemos. E os próximos irão com certeza conhecer uma pessoa diferente.

Claro que existem “regressões”, pessoas que fazem um certo caminho no sentido de amaciar o seu carácter e, subitamente, tudo parece voltar para trás.
As razões podem ser várias e não faz sentido estar a discuti-las agora aqui, mas são essas pessoas que dão azo à referida afirmação. É quando alguém volta ao seu “velho eu”, que as pessoas cospem a horripilante máxima.
Mas essas pessoas pelo menos tentaram, o que é mais do que se pode dizer da maioria da população… ; )

You must be the change you want to see in the world. – Gandhi

5 comentários:

  1. Não sei se concordo com o que dizes. Considero-me positiva, mas já não acredito nas grandes mudanças, acho que nem nas pequenas. E não por derrotismo, mas por aceitação. Não por comodismo, mas por selecção. Gosto, gosto. Não gosto, siga. É que já não tenho a certeza de que as pessoas mudam e as que, muitas vezes, achei que sim, plof! Não tinham mudado coisa nenhuma. Parece-me que vão refinando com a idade, mais por aí. Quando vejo um velhinho com bom feitio, amoroso, de bem com a vida, foi sempre assim, só melhorou ao longo da vida. Se tem mau feitio, insuportável mesmo, daqueles que acham que a idade lhes dá direito a todo o tipo de más criações, também foram sempre assim, só refinaram.

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  2. Eu mudei... muito... era una propria bestia e agora já nem tanto... lol
    E não me considero uma ave rara... ;)

    Quanto ao refinar com a idade, concordo totalmente. Mas acho que não invalida o que disse, é outra conversa...

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  3. As pessoas mudam e muito ...Tudo depende das trancadas que a vida lhes dá....Tanto mudam para bem ou para mal...Beijinhos grandes

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  4. Iorana
    (olá)

    Maururu
    (obrigado)

    ;-)

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  5. O teu totó está cada vez mais alheado da realidade, mas isso é conversa para outro post :-)

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