quinta-feira, 3 de novembro de 2011

As cuecas da rainha

COM MÚSICA




Ele há dias em que me pergunto seriamente se este mundo não terá enlouquecido de vez...

Esta manhã, ao levar o meu filhote à escola, ouvi dizer na rádio que umas cuecas da rainha Victoria (a quem os portugueses roubaram o c... lol) tinham sido vendidas em leilão, pela módica quantia de 8.700€...
Foi a gota de água, já andava há uns tempos com ideias de escrever sobre este tema, é hoje! ;)

Oito mil euros resolviam a vida de muita gente, dão para comprar muita comida, muita roupa, muitos medicamentos... há no entanto quem decida gasta-los numas cuecas velhas.
Estou consciente de que a receita deste tipo de leilões reverte frequentemente a favor de causas humanitárias, não sei se será o caso com este. O que me intriga no entanto realmente é que raio terá na cabeça alguém que larga uma soma astronómica de dinheiro por uma coisa tão absurda.

Outra coisa que me provoca violento prurido, são os anúncios do euromilhões.
“A criar excêntricos todas as semanas...” é o slogan deles, seguido de exemplos completamente cretinos de como torrar o guito.
Que é como quem diz, se ganhar, deite dinheiro à rua, queime-o, gaste-o estupidamente... pela mesma razão pela qual o cão lambe a pila, porque pode.

O nosso mundo é feito de desigualdade, todos sabemos isso.
Há pessoas feias e bonitas, doentes e saudáveis, bem constituídas e com deficiências, pobres e ricas.
Discutir a injustiça deste facto ou tentar arranjar soluções para equilibrar as coisas não é o propósito deste post.

Compreendo perfeitamente que, assim o podendo, as pessoas se rodeiem de coisas de boa qualidade. Um bom carro oferece muito mais conforto e segurança do que um chaço velho em terceira mão. Umas férias nas Maldivas são, sem sombra de dúvida, muito mais agradáveis do que na Costa da Caparica. Um sushizinho parece-me bastante mais atraente do que um MacDonalds. Uma casa com vidros duplos e aquecimento central é um bocado mais confortável do que uma barraca no bairro da lata.
Gostava muito era que alguém me explicasse o potencial da roupa interior da real senhora em termos de melhoria da qualidade de vida...

Uma sociedade que, não só aceita como promove, este tipo de atitudes, só pode estar muito doente.

Provavelmente já todos terão ouvido a música que escolhi para o post desta semana. Não sei se terão dado alguma atenção à letra, a mim tinha-me passado ao lado. Lembrei-me dela por causa do título, que associei à minha visceral embirração com os anúncios do euromilhões, e fui consequentemente investigar.

Qual não é o meu espanto ao dar-me conta de que apregoa exactamente o contrário.
Ele quer ser bilionário (quem não quer?! lol)... mas quer também “be the host of everyday Christmas”...
Fala em adoptar crianças que nunca tiveram nada na vida, oferecer Mercedes, satisfazer últimos desejos. Em dar uns cobres a todos aqueles de quem gosta e garantir que ninguém à sua volta saiba o que é fome.
Menciona a Oprah Winfrey, podre de rica, coração de ouro.

Engana-se no entanto, a meu ver, quando diz que:
“Eu sei que todos temos o mesmo sonho
Meter  a mão ao bolso e tirar a carteira
Atira-la ao ar e cantar”

Caramba, será que era assim tão difícil tentar passar este tipo de mensagem, em vez de incitar o povo à excentricidade idiota?!

Olhem... vou ali pôr umas meias no ebay e já volto... Grunf!

3 comentários:

  1. Gostei muito, gajinha de mi corazon... :)

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  2. Anónimazinha querida, afinal até me lês de vez em quando... que bom. ;)

    Carlinhos, há quem não saiba o que é bom... lol

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